Busca interna

domingo, 8 de agosto de 2021

Sai A350-900 e entra B787-9

Com a crise provocada pelo COVID-19, a Latam entrou com um pedido de recuperação judicial em maio de 2020. Como resultado da reorganização da companhia, a Latam optou por se desfazer de todos os seus Airbus A350-900 e manter somente wide-body (aeronaves de fuselagem larga) da Boeing. Ao focar somente em aeronaves da mesma fabricante, o grupo Latam consegue cortar custos e ser mais eficiente. Com uma menor variedade de modelos de aeronaves, a empresa reduz custos de treinamento, diminui a variedade de motores e peças de reposição necessárias, entre outros. 

A saída do A350 afetou a filial brasileira do grupo, a única que operava o modelo. O A350 havia sido escolhido como substituto do A330, em 2007, quando a Latam Brasil ainda era a Tam. Enquanto o B787 foi escolhido como substituto do A340 e B767 pelo grupo Lan em 2010. Também em 2010 a Lan e Tam se uniram para formar a Latam. Apesar de manterem as encomendas já feitas anteriormente a fusão, talvez a composição da frota seria diferente se estivesse sido feita em conjunto e não quando ainda eram empresas independentes. Com a criação da Latam, os A330 foram substituídos pelo B767 e não pelo A350. A intenção inicial era substituir os B777 pelos A350, inclusive a troca de algumas unidades do A350-900 pela versão maior A350-1000 foi cogitada. Porém após aumentar o número de assentos do B777 de 362 para 410, o grupo Latam ficou convencido que valeria mais a pena manter o B777 na frota, com um valor de leasing menor do que o A350-1000 e mais assentos. 

Latam Brasil passou então a operar a maioria dos B767 e todos os A350 e B777, enquanto a Latam Chile passou a operar todos os B787 e alguns B767 para outras filiais como Latam ColombiaLatam Peru e Latam Ecuador. Mesmo assim o grupo como um todo permaneceu operando quatro tipos de aeronaves wide-body diferentes e de dois fabricantes. Não é muito difícil encontrar uma companhia aérea que opere vários modelos de wide-body diferentes, inclusive de fabricantes diferentes. Se por um lado uma variedade maior de modelos de aeronaves permite que a companhia aérea adeque melhor a oferta de assentos à demanda de passageiros em cada rota, por outro lado quanto menor a variedade de aeronaves, menor os custos de treinamento, manutenção, entre outros. No caso da Latam, o Boeing 787-9 e o Airbus A350-900 têm uma capacidade próxima, para 313 e 348 passageiros, respectivamente, na configuração da Latam. O B787 foi justamente o escolhido para suprir o gap entre o B767 e B777 na filial brasileira. Isso pode ser feito de duas maneiras: voos operados pela Latam Chile com tripulação chilena ou utilizar o intercâmbio de aeronaves, onde o B787 continua com matricula chilena, mas realiza voos pela Latam Brasil com tripulação brasileira. O grupo inclusive já começou os primeiros passos para que a segunda opção possa ocorrer, com a certificação do modelo e de tripulantes brasileiros para voar no modelo. A Latam já operou o B787 em rotas saindo do Brasil antes, mas sempre pela primeira opção mencionada anteriormente.


A350-900 x B787-9
Apesar de não serem concorrentes diretos, o Airbus A350 e o Boeing 787 são os wide-body mais modernos de suas respectivas fabricantes. Inicialmente o A350 foi lançado como um concorrente direto do B787 e seria baseado no A330. Porém a Airbus modificou o projeto, tornando-o maior e concorrendo na categoria do B777. Mesmo assim as maiores subvariantes do 787 têm capacidade próxima a menor variante do A350.

 

Airbus A350-900 Boeing 787-9
Comprimento: 66 metros 63 metros
Envergadura: 64 metros 60 metros
Altura: 17 metros 17 metros
Peso: 192 toneladas 129 toneladas
Peso máximo de decolagem: 280 toneladas 254 toneladas
Motores: 2x RR 2x RR
Capacidade de combustível: 141 mil litros 126 mil litros
Velocidade: 903 km/h 913 km/h
Alcance: 15 mil km 13,9 mil km
Passageiros: 348 313
Configuração de assentos: 3+3+3 3+3+3
Largura da cabine: 5,6 metros 5,4 metros

As principais características do A350 e B787 são os motores modernos e altamente eficientes, e a grande utilização de materiais compostos, que reduzem o peso da aeronave. Para os passageiros, as duas aeronaves trazem iluminação personalizável em LED, pressão na cabine de 6 mil pés (ar mais úmido e agradável), novo sistema de ar condicionado. Apesar das duas terem janelas maiores, o A350 possui uma janela mais "tradicional", enquanto o B787 inovou com a utilização de vidro inteligente. Por outro lado o A350 oferece uma cabine mais espaçosa. Na Latam as duas aeronaves têm uma configuração na classe econômica de 3+3+3 assentos, porém o A350 é mais largo que o B787.

Latam não foi a única companhia no mundo a operar os dois wide-body mais modernos simultaneamente, algumas inclusive usando a mesma combinação de modelos. 

Mesmo antes da decisão da retirada total da frota de A350, a Latam já vinha tendo dificuldade em alocar todas as unidades que recebia. Quando a Tam fez a encomenda de 27 A350 em 2007, ela esperava que a demanda iria aumentar. Na verdade o que aconteceu foi o contrário. Quando a companhia recebeu a primeira unidade, em dezembro de 2015, o Brasil estava entrando numa recessão econômica. Nos anos seguintes a situação se agravou e a demanda por passageiros caiu. O resultado foi que a Latam não tinha demanda para tantas aeronaves wide-body. A solução foi repassar algumas unidades para a Qatar e adiar a entrega de novas unidades. Em 2020 a companhia também conseguiu repassar parte das unidades encomendadas para a Delta. Para mais detalhes do A350 na Latam você pode conferir a página Frota Latam.

Atualização: 10/2021
No caso do B787-9 a Latam optou por efetivamente transferir a aeronave para a filial brasileira, dessa forma o B787-9 (ex-CC-BGO) ganhou uma matricula brasileira PS-LAA. Uma possível razão para a transferência efetiva e não o intercâmbio de aeronaves, é que o intercâmbio normalmente é um transferência em caráter temporário, independentemente do prazo. No entanto aparentemente o B787-9 veio para ficar permanentemente na filial brasileira, fazendo então mais sentido a transferência efetiva.

Atualização:09/2022
Apesar da transferência definitiva de uma unidade para a filial brasileira, a Latam optou por não transferir mais nenhuma unidade para o Brasil, preferindo utilizar o intercâmbio com a filial chilena. Dessa forma as aeronaves permanecem registradas no Chile, porém realizando voos para a filial brasileira. O intercâmbio dos B787-9 permitiu que a Latam Brasil acelerasse a aposentadoria dos B767. Listamos a seguir os voos de longa distância a partir de São Paulo operados pela Latam Brasil pelo modelo de aeronave utilizado no mês de setembro de 2022:

Postagens de 2023:

sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

Notícias rápidas - Dezembro/2023

quinta-feira, 16 de novembro de 2023

Após 40 anos, o adeus ao Boeing 767 para passageiros no Brasil

segunda-feira, 9 de outubro de 2023

Nostalgia:
Curiosidades nostálgicas 3

quinta-feira, 21 de setembro de 2023

Notícias rápidas - Setembro/2023

segunda-feira, 14 de agosto de 2023

Galeão - Uma novela que não se passa no Leblon

terça-feira, 18 de julho de 2023

Nostalgia:
Curiosidades nostálgicas 2

quinta-feira, 22 de junho de 2023

Notícias rápidas - Junho/2023

sexta-feira, 26 de maio de 2023

Lufthansa compra ITA e garante liderança na Europa

quarta-feira, 1 de março de 2023

Notícias rápidas - Março/2023

terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

Por que não tem mais aeronaves com quatro motores?

quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

Participação no mercado em 2022

As mais lidas dos últimos 12 meses

As mais lidas de todos os tempos

Populares

Postagem em destaque

Os Boeing que não existiram

Na industria da aviação comercial é muito comum aeronaves que ficaram só no papel. Todas as fabricantes possuem modelos que não deram certo ...

Sobre Nós

Minha foto
O site AviaçãoComercial.net foi criado em agosto de 2009, a partir do site FSDownload.net (lançado em 2004). O site www.aviacaocomercial.net é dedicado a aviação comercial brasileira, com informações sobre aeronaves, companhias aéreas, dados e etc. O Blog se dedica as últimas notícias de forma resumida, curiosidades e análises sobre aviação comercial.

Arquivo